Notícias

Evento Internacional discute sobre as dinâmicas de desenvolvimento na fronteira Brasil-Guianas

Nos dias 06, 07 e 08 de maio, a cidade de Macapá foi palco do evento internacional SIN Transfronteiras, que reuniu especialistas nacionais e internacionais para discutir as complexas dinâmicas de desenvolvimento na fronteira entre Brasil e Guianas.

Auditório do curso de Engenharia Elétrica da UNIFAP

Durante o evento, o Sin transfronteiras abordou diversos temas que envolvem o Amapá e as Guianas, como a mobilidade transfronteiriça, a saúde e políticas públicas nas regiões de fronteira, bem como os aspectos de capital social, confiança e desenvolvimento econômico. Além disso, foi lançado o Projeto Front-Guianas, que busca fortalecer a cooperação entre os países por meio de estratégias integradas de desenvolvimento econômico e social nas áreas de fronteira.

O professor Bruno Cavalcante ressaltou a importância das pesquisas realizadas: “As nossas pesquisas trazem retorno no sentido de que, a partir do momento em que identificamos essas interações econômicas e como ocorre a circulação de pessoas e de moedas nessas fronteiras, conseguimos apresentar em formato de relatório, artigo científico para que o gestor público tome decisões, por exemplo. Atualmente, passamos por um processo de tentativa de legalização de entrada de brasileiros na Guiana e temos avançado nisso, contribuindo com pesquisas nesse sentido", enfatizou.

Bruno Rogério Silva Cavalcante, Doutor em Sociedade, Cultura e Fronteiras

A região das Guianas abrange a Guiana Francesa, território ultramarino da França, a Guiana, país independente, o Suriname, também um país independente, a Guiana (ou Guiana Britânica, território ultramarino do Reino Unido até 1966, quando se tornou independente como Guiana), e o Amapá, estado brasileiro que faz fronteira com a Guiana Francesa.

Fonte: DUARTE, Geraldine Rosas. Guiana Francesa: uma análise geohistórica. Confins. Revue franco-brésilienne de géographie/Revista franco-brasilera de geografia, n. 28,

Felipe Lopes coordenador do evento enfatiza a necessidade da cooperação entre os territórios para assegurar um crescimento econômico equilibrado e a preservação dos recursos naturais. "O Sin transfronteiras, que envolve o IV Simpósio de Desenvolvimento Regional e o I Simpósio Internacional da Região das Guianas, tem abordado temas muito importantes, como manejo ambiental, manejo florestal, gestão ambiental, planejamento urbano e desenvolvimento urbano sustentável. Todas essas questões são fundamentais ao pensarmos na relação transfronteiriça entre o Amapá e a região das Guianas", diz Felipe.

Felipe da Silva Duarte Lopes é arquiteto e urbanista, Doutor em Arquitetura, Tecnologia e Cidade. Professor e Pesquisador no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIFAP

A ligação direta entre o município de Oiapoque e a Guiana Francesa é um marco para fortalecer os laços comerciais e promover o desenvolvimento dessas regiões. No entanto, existem desafios como por exemplo o logístico, que precisa ser superado para potencializar essa integração de forma efetiva. "Existe um potencial gigantesco de comércio, tanto no setor madeireiro quanto no não madeireiro; também há atualmente, uma grande demanda da Guiana Francesa por materiais de construção do Amapá. Já existem empresas desenvolvendo uma rede de transporte, mas essa integração poderia ser ainda mais ampliada com um sistema de transporte mais eficiente", ressalta Felipe Lopes.

O evento ocorreu na Universidade Federal do Amapá e contou com a participação de autoridades locais, artistas, bem como reuniu pesquisadores de diversas instituições que apresentaram suas pesquisas.

Hiago Quaresma destaca as lacunas de pesquisa existentes para uma melhor compreensão dos processos de desenvolvimento integrado e sustentável na região de fronteira entre o Amapá e as Guianas. "Entendo que uma das maiores lacunas presentes é compreender a formação dos municípios e como se deu a criação e o desenvolvimento deles. Precisamos compreender o que aconteceu nos bastidores e como isso se reflete na região de fronteira, como o Oiapoque por exemplo e em todas as cidades ao redor. Portanto, aponto como uma das principais lacunas, a necessidade de reunir esses estudos e documentar essas histórias de forma mais abrangente”, disse Hiago.

Hiago Quaresma da Silva Engenheiro eletricista e Mestrando do PPGDAS-UNIFAP

Para Jadson Porto, um dos principais entraves institucionais e de governança é a falta de uma assinatura diplomática entre Brasil e França. “Para essa questão, há três aspectos que devemos considerar, temos um problema sério porque não há uma assinatura diplomática entre Brasil e França com foco na interação. Hoje, nós temos a interação espacial, local entre Amapá e Guiana Francesa muito fluida e sólida, mas não considera aspectos diplomáticos. Isso significa que nós temos uma fronteira entre Amapá e Guiana Francesa, assim como entre Brasil e França, é justamente entre Brasil e França que precisamos ter essas cooperações. Temos uma Série de “ensaios” nesse sentido, no entanto, as cooperações ainda não estão integradas", conta.

Dr. Jadson Luis Rebelo Porto, professor Titular na Universidade Federal do Amapá

"O segundo aspecto diz respeito a questão física, nós temos uma a ponte que integra espacialmente não somente o Amapá e Guiana Francesa ou Brasil e França, é muito mais complexa, porque é uma relação também entre o Mercosul e a União Europeia".

Ponte Binacional Franco-Brasileira atravessa o rio Oiapoque, ligando o Oiapoque no Amapá, Brasil a São Jorge do Oiapoque na Guiana Francesa.

"Na questão política, diversos interesses estão em jogo, como a política ambiental, as unidades de conservação internas e indígenas, e a política territorial devido à exploração de petróleo. Essa nova dinâmica em construção demandará reflexões para promover cooperações técnicas, científicas, de saúde e ambientais, visando aproveitar as oportunidades que surgem nesse cenário de integração entre Amapá e Guiana Francesa. O desafio será montar esses processos de forma eficaz e integrada", finaliza Jadson.

O SIN Transfronteiras conta com a parceria da Fundação de Amparo e Pesquisa do Amapá (Fapeap) e é organizado pelo grupo de Pesquisa Territoriais e Desenvolvimento, formado por professores da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e do Instituto Federal do Amapá (Ifap).

Gostou? Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp

Ler comentários

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *